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Viva Jesus, Cartas Espirituaes
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Antonio das Chagas
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1762
Viva Jesus, Cartas Espirituaes - 1762
Autor: Antonio das Chagas
Publicação: Lisboa, Na Offic. de Ignacio Nogueira Xisto
Edição: 1ª. ed. - 1762
Descr. Física: 8vo - 20,5x15 cm
Idioma: Português
Paginação: 1 f. b. + 14 p.n.n. + 424 p. + 1 f. b.
Conservação: Ótimo; enc. necessita mínimo restauro
Ilustração: Várias tarjas, dois capitulares e uma vinheta
Encadernação: Enc. inteira em couro marrom
Notas: Na p. de tít. vinheta média xilog.
Por baixo do pé de imprensa "Com todas as licenças necessárias"
A primeira edição é de 1684.
Frei António das Chagas, de seu nome António da Fonseca Soares, também conhecido por Padre António da Fonseca, (Vidigueira, 25 de Junho de 1631 – Varatojo - Torres Vedras, 20 de Outubro de 1682) é um frade franciscano e poeta português, destacando-se na história portuguesa mais pela sua faceta literária que propriamente eclesiástica.
Frei António das Chagas, de seu nome António da Fonseca Soares, também conhecido por Padre António da Fonseca, nasceu na Vidigueira (Portugal) a 25 de Junho de 1631, filho de pai português, fidalgo e juiz de profissão, e mãe irlandesa.
Passou a sua infância e juventude no Alentejo e estudou no Colégio dos Jesuítas em Évora, não tendo concluído os estudos devido à morte do pai, tinha então António 18 anos, forçando-o a regressar à Vidigueira. É então que se alista no exército, em plena Guerra da Restauração, iniciando uma carreira militar promissora.
António da Fonseca Soares participa na Guerra da Restauração, mas a sua fama vem-lhe da veia poética, ficando conhecido pela associação das armas e das letras como o ”Capitão das Boninas“.
Despertos os sentidos para as questões amorosas e para a poesia, envolveu-se nas mais diversas aventuras, cometendo todo o tipo de excessos, fruto do seu temperamento impetuoso.
Em 1653, com 22 anos de idade, um desses episódios obrigou-o a fugir para o Brasil, perseguido pela justiça por ter causado a morte de um rival, em duelo. Passou três anos na Baía, sem alterar o seu modo de vida irreverente. Um texto de Frei Luís de Granada sensibilizou-o para a fé e para Deus.
De regresso a Portugal, em 1656, voltou a participar activamente na guerra, foi promovido a capitão em Setúbal, como reconhecimento pelo seu valor. Em Maio de 1662, com 31 anos de idade, renunciou à vida militar e abraçou os votos monásticos na Ordem de São Francisco em Évora.
Desde então, António da Fonseca Soares passou a ser Frei António das Chagas.
Dedicou o resto da sua vida ao evangelho e a pregar a fé, com o ardor e a paixão que o caracterizavam. Tornou-se pregador vigoroso e algo exagerado. Correu as terras do Alentejo e Algarve em andanças missionárias. Estendeu as suas viagens de pregação ao centro e norte do país, incluindo a Corte.
A personalidade de Frei António das Chagas exerceu sobre os seus contemporâneos um fascínio perturbador, resultante, sem dúvida, do seu estatuto de homem mundano convertido à causa de Deus. O empenho combativo e radical de Frei António das Chagas contrastava grandemente com a ligeireza e o relaxamento de costumes que, com alardeamento público, vivera na juventude. A sua atitude penitente sob o hábito de S. Francisco bastava para atrair multidões aos lugares por onde passasse. A busca de efeitos teatrais, a ênfase e a demagogia do discurso de Frei António das Chagas foram alvo de inúmeras críticas, inclusive, do Padre António Vieira e de D. Francisco Manuel de Melo, seus contemporâneos.
Em 1680, Frei António das Chagas desvincula-se da Província Franciscana dos Algarves, no cumprimento das determinações do Breve Apostólico de Inocêncio XI, de 23 de Novembro de 1679. Passa a viver no Varatojo, convento que doravante e até 1833 passou a Seminário Apostólico das Missões (da Ordem dos Franciscanos), com estudos e disciplina apropriados, cuja iniciativa se deve a Frei António das Chagas, o antigo capitão António da Fonseca Soares.
Na sequência do prestígio apostólico do Varatojo, fundou em 1682 o Convento de Nossa Senhora dos Anjos de Brancanes, em Setúbal, para nele se formarem também missionários.
Faleceu a 20 de Outubro de 1682, no Varatojo. Os seus restos mortais repousam em campa rasa no centro da Sala do Capítulo do Convento.
António da Fonseca Soares ou Padre António da Fonseca ou Frei António das Chagas foi um homem ousado e de génio arrebatado que deixou lendárias muitas das suas proezas. A vida como a obra de Frei António das Chagas ilustram bem a mentalidade barroca da época, ambas cheias de contrastes e peripécias.
Poeta e prosador, deixou em quase todos os cancioneiros manuscritos da época, nomeadamente nos dois mais importantes, a Fénix Renascida e o Postilhão de Apolo, obras suas.
Escreveu nos mais diversos géneros poéticos: sonetos, madrigais, romances, décimas, glosas e dois poemas heróicos — Mourão Restaurado e Canto Panegírico à Vitória de Elvas. A perfeição das formas e a temática dos seus poemas centra-se sobretudo na efemeridade da vida, nos desenganos a que estamos sujeitos, mas também em assuntos de circunstância, o que denotam o gosto pela imitação de Gôngora. (Veja-se "Alguns Poemas" em "Referências e Fontes").
Bastante apreciado como poeta, atingiu também grande fama como pregador, devido ao modo pouco convencional de pregar. Na pregação, havia quem lhe estranhasse a forma como organizava as pr